As empresas deveriam se preocupar com a educação financeira dos seus colaboradores?

A falta de educação financeira traz diversas consequências para os indivíduos, inclusive no que se refere ao seu desenvolvimento profissional. Diversos estudos mostram que as dificuldades financeiras aumentam o estresse, a ansiedade e, em alguns casos, leva até à depressão. Ou seja, essas consequências afetam a produtividade dos colaboradores. Dessa forma, por mais que algumas empresas acreditem que a vida financeira de seus funcionários não é responsabilidade delas, é necessário que deem atenção a esse aspecto.

Uma vez ouvi a seguinte frase: “Colaborador feliz, empresa feliz”. Isso faz sentido para mim porque quando o funcionário está feliz, ele tende a ser mais produtivo. Os primeiros estudos que investigaram a relação entre felicidade e produtividade tiveram início em 2006. Alguns mostram que colaboradores mais felizes são cerca de 10 a 12% mais produtivos.

Além do aspecto da felicidade, os problemas financeiros afetam a motivação dos trabalhadores. Dados do relatório 2022 PwC Employee Financial Wellness Survey mostram que quatro em cada cinco funcionários afirmam que a sua maior pressão financeira é que tudo custa mais caro hoje em dia. Além disso, um em cada quatro colaboradores está trabalhando em mais empregos do que nos anos anteriores para sobreviver, e 56% estão estressados com as suas finanças.

De acordo com o relatório State of the Global Workplace: 2022, da Gallup, funcionários que não estão engajados ou que estão ativamente desengajados custam, ao redor do mundo, US$ 7,8 trilhões em perda de produtividade. Para colocar em perspectiva, esse valor é igual a 11% do produto interno bruto (PIB) global. Portanto, a educação financeira dos colaboradores não pode ser ignorada pelas empresas.

De acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a educação financeira é uma combinação de consciência, conhecimento, habilidades, atitudes e comportamentos necessária para tomar decisões financeiras sólidas e, consequentemente, alcançar bem-estar financeiro individual. Para atingir esse bem-estar, é preciso que o indivíduo tenha controle das suas receitas e despesas de modo que possa poupar e investir. Esse processo envolve hábitos e comportamentos que muitas vezes precisam repensados.

A seguir, serão apresentadas algumas sugestões de como as empresas podem promover educação financeira para os seus colaboradores:

  • Mapear os perfis de saúde financeira dos seus funcionários e propor ações para cada grupo: 
  • a) endividado – a empresa poderia auxiliar no levantamento do montante da sua dívida (muitas pessoas endividadas não conhecem o valor total de suas pendências financeiras) e ajudar os colaboradores deste grupo a montar uma estratégia de como quitar as dívidas; 
  • b) equilibrado – as pessoas deste grupo não têm dívidas, mas também não têm reserva financeira. A empresa pode ajudar os colaboradores a definir o valor desejado para a sua reserva (em geral, uma quantia referente a 6 a 12 meses de seus custos) e auxiliá-los na definição de um plano para que a reserva financeira seja alcançada. É importante destacar que um funcionário deste grupo tem potencial de ir para o grupo anterior (endividado), já que ele não tem reserva;
  • c) investidor – aqui, os colaboradores têm o hábito de poupar e investir, mas talvez não tenham conhecimento suficiente para montar uma carteira de investimentos eficiente.
  • A empresa pode promover campanhas de conscientização acerca da importância de se ter bons hábitos financeiros e como eles podem potencializar a carreira dos seus colaboradores.
  • Outra ferramenta que as organizações podem utilizar são ciclos de palestras e oficinas, permitindo que os colaboradores aprendam sobre educação financeira e coloquem em prática o conhecimento que receberam.
  • Oferecer benefícios adequados. Por exemplo, uma das reclamações que ouço nos meus atendimentos é que o vale-refeição das empresas não é compatível com o custo da refeição no local onde a organização está instalada. Ou seja, se a empresa não oferece benefícios compatíveis, certamente isso afetará a vida financeira dos seus colaboradores, pois terão de arcar com a diferença.
  • É essencial que a empresa os ouça os seus funcionários de forma a propor um programa de educação financeira alinhado com as expectativas deles.

Há diversos benefícios que a empresa pode obter ao promover a educação financeira para seus colaboradores. Entre eles, redução do estresse, aumento da produtividade, melhor relação entre os funcionários (uma vez que estes têm boa relação com suas finanças, possivelmente terão melhor relação com seus pares na empresa), mais senso de organização por parte dos colaboradores, menos rotatividade (uma vez que a empresa demonstra que se importa com seus trabalhadores, isso será um motivo adicional para eles continuarem na empresa). Ou seja, investir em educação financeira para os colaboradores pode ser um bom negócio para as empresas.

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Autor: Rogiene Batista dos Santos

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